O governo federal concentrou esforços para combater o desmatamento na Floresta Amazônica. Nesta segunda-feira (20/07) foi anunciado investimento de R$ 80,5 milhões para viabilizar o uso de um novo radar que permitirá o monitoramento do corte ilegal de vegetação no bioma, mesmo em condições climáticas adversas. Do total, R$ 63,9 milhões fazem parte dos recursos não reembolsáveis do Fundo Amazônia. O restante é proveniente do orçamento da União.
O radar orbital, que também será usado na detecção de garimpos ilegais e pistas de pouso clandestinas utilizadas pelo narcotráfico, possibilitará a geração de imagens detalhadas da região, mesmo em dias de muita nebulosidade. Os sistemas anteriores não eram capazes de gerar imagens através das nuvens. Coordenado pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), a ferramenta vai gerar alertas que darão suporte para as equipes que atuam na fiscalização em terra, além de enviar dados que ajudarão a compor o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Ao todo, 950 mil quilômetros quadrados serão monitorados pelo sistema. O número representa 17% da região amazônica, equivalente aos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e um pouco mais do que Santa Catarina. Os alertas para a fiscalização serão gerados no período de outubro a abril, meses chuvosos e, consequentemente, com muitas nuvens. Essa será a primeira vez que a Amazônia será monitorada sistematicamente com um radar orbital.
A parcela de recursos do Fundo Amazônia será liberada por meio de contrato assinado com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A maior parte desse montante será revertida para a compra do equipamento, previsto para começar a funcionar em 2018.
O investimento integra o projeto Amazônia SAR. O radar de abertura sintética SAR (sigla em inglês para Synthetic Aperture Radar) funciona com pulsos de ondas eletromagnéticas, que independem da luz e são capazes de ultrapassar barreiras físicas como as nuvens. Por isso, é mais indicado para o período de excesso de nuvens na Amazônia. Para criar uma imagem do SAR, pulsos sucessivos de ondas de rádio são transmitidos para “iluminar” a cena alvo e o eco de cada pulso é recebido e gravado.
Nos dois primeiros anos, no período de outubro a abril, as imagens de cerca de 950 mil quilômetros quadrados mensalmente serão baixadas por Protocolo de Transferência de Arquivos (FTP), numa resolução de 18 a 22 metros, possibilitando a identificação dos ilícitos. Depois de analisadas pelo Censipam, as imagens vão ser repassadas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que subsidiará e montará as ações de fiscalização. As informações também serão enviadas ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para compor os dados do desmatamento da região amazônica.