Estamos a poucos dias do natal: festa que celebra o nascimento, o novo. Porém, o que deveria ser renovação de sentimentos e atos virou sinônimo de comprar coisas novas.
Ao longo do ano, somos estimulados a ser modernos e ter o novo. Entrar numa casa e encontrar tv de tubo é raro. Somos praticamente obrigados a migrar para LEDs e outras tecnologias mágicas que perdem o encanto em poucos meses seja porque estragam ou porque foram ultrapassadas.
Não raramente, são produtos lacrados. Uma caixa preta que, se aberta, é um mistério que nem mesmo o próprio fabricante sabe consertar.
Resultado: o que é ser moderno também é colaborar com uma dinâmica que destrói o planeta com mais lixo e mais extração de seus recursos naturais. O que é um ato de amor, de doar, vira um estresse consumista movido por uma obrigação ordinária de cumprir tarefas: no caso do natal; dar presentes.
Outro problema é o endividamento das pessoas, que gera angústia e que justifica qualquer ato para ganhar dinheiro e alimentar este círculo vicioso do consumo insustentável.
Nesse contexto, se faz necessário mobilizar todos os envolvidos na dinâmica para restaurarmos alguma dignidade no processo de vender, comprar, descartar e reciclar.
As empresas devem se ocupar com processos menos impactantes, produtos com maior vida útil, que podem ser consertados e principalmente reciclados. Estas empresas precisam se responsabilizar pela sustentabilidade de toda vida do produto.
Os consumidores devem refletir mais antes de comprar e se fortalecer diante dos constantes apelos publicitários que levam ao consumo desnecessário e à destruição do planeta. Além disso, devem se comprometer com a entrega dos produtos para reciclagem.
O governo tem que criar regras para evitar uma dinâmica tão nociva, além de fiscalizar e monitorar o destino do lixo eletrônico. Incentivar a reciclagem também é fundamental.
Enfim, o alerta é importante e pede novas atitudes. Atitudes renovadoras e não destruidoras. Quanto aos produtos, será que precisamos realmente deles para ser felizes ou o contato com a nossa essência, a presença de coração entre aqueles que amamos não daria um resultado mais interessante?
Vale a reflexão e também lembrar que o lixo eletrônico é responsável por um mercado negro, intimamente associado ao crime organizado, que leva material tóxico para lugares miseráveis. Algo realmente perverso.
Se não podemos mudar o mundo, que mudemos os nossos hábitos de consumo. Certamente estaremos fazendo a nossa parte.
Fonte:
Carta e Capital